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Archive for janeiro 2013

Ave Butler! Hail Derrida! (resolvi deixar de homenagear pelegos e governistas)

À GUISA DE INTRODUÇÃO:


Resolvi, depois de vários meses, repostar este texto. Trata-se do material mais polêmico já escrito por mim e justamente por isso, conveniente base para varios debates. É um texto pelo qual tenho enorme carinho, porque critica alguns modelos "libertários" sobre a sexualidade e permite pensar outros nuances. Me acusaram de ter feito "apologia do estupro" a partir de minha fala (e cheguei a redigir um mea-culpa sobre isto) mas achei que deveria republicá-lo em respeito a varixs leitorxs, inclusive militantes feministas e estudantes de gênero, que desejam fazer-lhe usufruto. A partir daqui será por sua propria conta e risco. Não há aqui a intenção de desrespeitar a ninguem, apenas a de propor um exercício filosófico saudável. Aliás, ao rever o texto do artigo, percebi que mudei de opinião em relação a varias coisas. Sinta-se livre para criticas e sujestões.
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“Só serei realmente livre,quando todas as pessoas a minha volta forem igualmente livres” (Mikhail Bakunin)
“LEI DO ÂNUS LIVRE”-ARTIGO ÚNICO E SUFICIENTE:
“Estão suprimidos todos os direitos sexuais  do Cidadão sobre seu próprio corpo. Todo desejo, na vigência desta, será respeitado e garantido ao ser desejante e não mais ao ser desejado. Cabe ao Estado punir excessos de violência e opressão social derivantes da desobediência da presente Lei”


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   Dizem os antropólogos que no meio da floresta amazônica há uma tribo isolada na qual acredita-se que todo pecado e virtude deve receber após a morte uma justa paga- céu ou paraíso, sendo o destino das almas decidido de acordo com sua prática terrena. Nesta tribo acredita-se que maior de todos os delitos, aquele que leva ao sofrimento toda a comunidade denomina-se “egoísmo”. Negar-se a conceder sexo ou afeto a outrem sendo o mais abjeto e perverso exemplo de egoísmo, ato monstruoso digno das mais severas punições.
Sim, este Manifesto será lido como uma piada. De efeito cômico é todo discurso que se opõe às práticas naturalizadas e aos dogmas estabelecidos socialmente como incontestes. O consentimento é uma Lei Natural imutável, assim como o é a heteronormatividade, a natureza ganaciosa do ser humano (principal argumento subjetivo pró-capitalista), a subalternidade feminina.
Dizia Nietzsche que aquele que opta por dedicar-se a apenas uma pessoa, exclui todas as outras. A lógica é corretíssima enquanto análise quantitativa, mas é perversa do ponto-de-vista qualitativo. Lembra muito a lógica infantilizada de setores reacionários da direita que insiste que “ditador A” foi menos tirano que “ditador B”, porque o primeiro em todo em seu governo executou  apenas  um desafeto político, ao passo que o segundo chacinou milhões, promovendo genocídios. O argumento é interessante e alentador, a não ser que o único desgraçado a ser fuzilado pelo “ditador A” tenha sido seu parente ou um ente próximo e querido.
Quem dedica a sua vida a uma pessoa só, exclui a todas as outras. Quem não o faz, se põe no direito de selecionar, de forma arbitrária, a quem irá oprimir. E pior, o fará a partir de complexas ferramentas de engenharia social, da cultura midiática (ou sua meticulosamente calculada "subversão") das idéias auto-intituladas “libertárias”, das noções hétero-cis-burguesas, fruto das distorsões das idéias propaladas pelas feministas. Ao menos o caso monogâmico pode apresentar um argumento lógico: “temos um compromisso”.
Não são portanto o casamento, a monogamia, o amor romântico, as raízes da sexualidade restrita, opressora. A causa primordial é a Ditadura do Consentimento, armadilha do ocidente judaico-cristão, uma farsa imposta pelo stablishment em troca de nosso silêncio. O consentimento é a causa primordial das relações de poder e opressões de gênero.A Revolução Sexual já ocorreu e perdemos. Fomos enganadxs. Saímos no prejuízo por termos caído no erro de aceitarmos bandeiras rebaixadas.
Um exemplo bem interessante de como a idéia de consentimento pode ser distorcida para lucro do patriarcado está em certos slogans muito caros ao feminismo atual. “Se o corpo é da mulher ela dá pra quem quiser”, pode parecer uma apologia ao direito de escolha feminina. Porém, esquecem-se que o vocábulo “dar” significa “ conceder direito de posse ou poder a outrem”. E este outrem, independente dos libertarianismos e subversidades discursivas do contexto, sempre será o macho-alfa. 
“Dar”, “ME foder” aludem a uma relação de poder desigual, e celebram a sacrossanta passividade feminina. “ME comer” é ainda pior, pois tal relação alem de desigual, é de caráter predatório. Por que não se diz que “se o corpo é do homem, ele decide quem come”?!
Por que não se utiliza efusivamente o poético e igualitário “trepar”? Trepar é uma relação dialética. Quem trepa, trepa em algo ou em alguém, mas este ato é via-de –mão-dupla. Eu trepo/ tu trepas/ ele trepa/ nós trepamos/ todo mundo trepa (com excessão do miserável assassinado no nosso terceiro parágrafo)
Aliás, por que não paramos de falar em relações de poder e começamos a trepar (sem consentimento, óbvio)?!? ;) 
"Dizem que a mulher é ensinada a servir ao homem, mas para Christopher Hill, mais que isto, “a mulher é ensinada a DESEJAR servi-lo”. Ai está a malandragem. O sistema proporciona à mulher CIS-GENERA o monopólio sobre o consentimento, mas ensina a quem ou o que desejar. O mesmo sistema patriarcal de sempre continua no controle, mas somos diuturnamente iludidxs de que temos poder de decisão. O consentimento é a cerejinha do bolo misógino. Não basta para o sistema que a mulher seja coisificada. è preciso que ela imagine que o está fazendo por vontade própria.
Já alertaram-me  de estar defendendo uma cultura do estupro. Mentira!  A idéia de “estupro” , conquanto um “roubo”, só é válida num contexto no qual há uma fetichização, capitalização e empoderamento sobre o próprio corpo. Minha proposta é contra esse empoderamento, tão decantado pelas feministas burguesas. Minha proposta também é contra o sexismo , o machismo e a homofobia, pois o machista homofóbico terá sob força de Lei que abrir mão de seu maior símbolo de virilidade. O machão vai ter que “dar” o cu. E não adiantará o canalha reclamar, pois seu ânus pertencerá ao Estado, para usufruto de todos os Cidadãos.
Podem dizer que minha tese não passa de uma distopia irresponsável. Mas é fato que o sexo obrigatório já existe e está em voga nos espaços mais progressistas, nas assembléias e congressos do movimento estudantil, no ENUDS, em praça pública. Considerando que sexo também consiste em sons e imagens (não apenas o coito ou a felação) os murmúrios noturnos que ouvimos nestes locais  e os gemidos propostos como “política anti-sexual” não passam de voyerismo compulsório. Pessoas são obrigadas a ver/ouvir outras transando, o que é mais que uma simples falta de respeito. É sexo não-consentido e, segundo a lógica vigente, ESTUPRO visual e auricular.
Aprendemos desde cedo que não se vai a espaços públicos com um cheiroso bolo sem oferecê-lo aos convivas. É uma questão de educação básica e civilidade que o bolo deva ser dividido. Quando se nega oferecer este tipo de mimo ao semelhante, o resultado pode ser mais que um constragimento moral (algumas pessoas são carolas, oras!)  frustração, dor, neurose. Gemeu? Vai ter que trepar! Deixem de ser egoístas.  Se não querem dividir o bolo, ao menos saboreiem-no no recôndito dos vossos lares. É feio ficar atiçando a inveja nos coleguinhas.
Experiências muito importantes com modelos de sexualidade libertária têm alcançado alguns resultados práticos, ao menos em grupos diminutos e comunidades fechadas. Mas de nada adianta ser libertário, se não houver uma PRÁXIS inclusiva. É empoderar a quem já tem poder. É urgente pregarmos o total desapego à propriedade privada dos meios de (re)produção- a saber, nossos próprios corpos.Torna-se preciso  um “diálogo” (na base da pancada), com nossa querida sociedade victoriana. Que tal uma “flash mob pornoterrorista”, fazendo arrastão e propondo trepação geral com os mendigos de nossas ruas? Seria muito mais libertário e inclusivo que invadir igrejas e ajudaria a embaçar as relações de poder baseadas na economia e um ataque ao macho-alfa capitalista. Fica a sugestão.
Porque parece tão difícil subverter o discurso vigente, baseado no direito ao próprio corpo? Por que nos parece tão “democrático” tal dogma?  Nós já alugamos nossos corpos, juntamente com nossa força de trabalho. Por que a prostituição e a pornografia nos parecem tão sujas e opressoras, se na prática todxs nos prostituímos? Alias, nem todxs: alguns também não têm acesso a este maravilhoso bordel chamado Mercado de Trabalho. Nossos corpos,em suma nunca foram nossos. E insistir na perversão com-sentimentalista é apostar na ilusão de que eles nos pertencem.
Beatriz Preciado, em seu pioneiro Manifesto Contrassexual ataca as relações de poder, denuncia a miséria nas relações e desejos humanos na sociedade capitalista, abrindo a Caixa de Pandora dos desejos livres. Proponho com o presente Manifesto Contraconsentimental,  darmos um passo além e descontruirmos este fabuloso artefato de controle social (o desejo) desmobilizando a força moral que o mantém: o Mito do Consentimento. Só assim, os desejos e a sexualidade deixarão de ser “politica”, abandonaremos as restrições, os preconceitos. E voltaremos a viver numa tribo inocente, onde todas as formas de amor serão comemoradas numa grande confraternização universal.

“Fora a ditadura do consentimento!”
“Abaixo a propriedade privada dos meios de (re)produção- sobre o próprio corpo!”
“Todo mundo nu! Todo mundo é de todo mundo!”
“O cu que é bom ninguém quer dar?! É só mandar policiar!”

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 ADENDO E CONCLUSÃO: É óbvio que se trata da tentativa de fazer uma "ironia fina" com um tema que me incomoda muito (sexualidade mexe com todo mundo, alías). Mas me parece também uma proposta política e utópica, algo que penso pder se relaizar num futuro distante. Creio que nas proximas evoluções humanas, tanto fisicas como tecnológicas, poderemos nos livrar de nossos corpos limitadores e encontrar formas de prazer mais profundas e construtivas, como "sexo telepático". A possibilidade de alcançar prazer solo e a capacidade humana de se livrar de mesquinharias são infinitas. veja esse filme:




No closet

Desbundai e puti

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