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Archive for 2013

INTRODUÇÃO (ATUALIZADA EM 28/03/2014):

Refaço aqui a guisa de introdução, uma vez que andaram lendo este texto e distorcendo-o para me acusarem de fazer apologia ao estupro (que falta de criatividade, hein?!?...) Pior é lerem, comentarem, achincalharem, e não botarem o devido crédito dx autorx. Plágio é crime, sabiam?! Da próxima vez que me citarem, pelo menos coloquem o link daqui, que eu também quero ficar famosa.

Obrigadx pela preferência, voltem sempre!

às radfems, terfs e feministas formadas lendo 50 Tons de Cinza- ósculos e amplexos!

Divirtam-se lendo o texto completo no seu contexto ORIGINAL:

OBS: vcs também podem me xingar na área específica logo abaixo do texto (na parte escrita "deixe seus comentarios"). Não precisa comentá-lo noutros lugares. Garanto que dará bem mais visibilidade ao seu mimimi... #fikadika ;)

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Ave Butler! Hail Derrida!

Que a vida é em parte um baile de máscaras, com as quais nos seduzimos uns aos outros, e nos enganam os diante do espelho, é sabido. O perigo reside na hor em que a ultima das máscara cair, e tivermos que ver, nos grandes espelhos, um rosto preso ao nosso corpo, mas que parece não ter nada a ver conosco
 (Lya Luft)
Ano de 2013 acabando e tenho muitas coisas a dizer. Essa ano foi bem atípico (alguma ano já foi típico?) aprendi muita coisa e vivenciei cenas bastante intensas, das quais falarei mais adiante. Vou minimamente comentar sobre um fato bastante lastímável, embora de caráter subjetivo (o que não é subjetivo?) e que acabou por me atirar num furacão, numa guerra  interna e contra a sociedade pelo direito ao prazer(ui!) me levando à contestar meu espaço na sociedade pós-moderna, libertinóide e hipócrita na qual vivemos. Não precisarei provar nada, pois não faço acusações formais, ultimamente estou mais apelando pra pancadaria generalizada. Apresentarei apenas a minha versão, a que importa, pois estamos falando de subjetividades, a MINHA subjetividade.

Sempre fui muito mal nas aulas da faculdade e não conseguia entendia o por quê, longe de querer botar a culpa nos outros, pois sou bastante desleixadx e desorganizadx mesmo, até já pedi ajuda junto a instituição com esse meu problema. No primeiro semestre de 2013 percebi que estava sendo vítima de  exclusão por parte dos colegas. Precisava fazer um trabalho em equipe e as vésperas do prazo de entrega, descobri que minha equipe não era miha equipe, mais que excluídx, fui desmentida pelas outras meninas que até entao iriam fazê-lo junto comigo. E pior, a professora, conservadora, pois não aceitava usar em sala meu Nome Social, ainda me mandou "me virar", por que o trabalho valia toda nota do semestre. No final consegui achar outra equipe e fui aprovadx na disciplina, mas o caso já tinha me deixado em posição de defensiva. Já tinha percebido que havia algo de podre no Reino da Dinamarca..

No segundo semestre já comecei totalmente abaladx com a perspectiva que ainda não tinha percebido de estar sendo exclusa do ambiente acadêmico. Inscrevi-em em pouquíssimas disciplinas, das quais acabei por desistir, mesmo gostando do conteúdo e dos professores. Foi aí que houve a reviravolta terrivel que me levou à revolta: como a turma com a qual entrei para a faculdade havia sido praticamente desfeita, além de não me sentir bem naquele meio, então "adotei" outra turma pois estava desperiodizadx e já tinha feito mais disciplinas com esta. Achei que nesta seria bem recebi, até porque haviam vários LGBTs; Pois, para minha surpresa e revolta, haviam organizado um churrasco e sequer me convidaram. Pior, durante o entrevêro, ainda tentar de toda forma me comprovar burocraticamente que eu não pertencia áquela turma.

Podem pensar "mas você fez tanto escândalo por que pessoas não te convidaram pra uma festa?Ignore-as" Errado! Foi absolutamente necessário! Um churrasco, num espaço hipersuxualizado como de uma turma de faculdade nunca é apenas um churrasco. Estou lendo um livro bastante interessante chamado "Politica sexual da Carne" e entendendo como as relações de gênero e sexualidade se dão no  espaço dos comensais de carne. Senti-me coisificads. Senti-me assexualizadx. Senti-me invisibilizads. Foi aí que explodi, numa explosão vulcânica de ira que estava a explodir desde que tinha meus 15 anos, que meu lado mais animal floresceu de forma violenta, que minha fome por sexo e afetividade, por ser vista, ser sentida, ser (re)humanizadx aflorou da forma mais violenta. "Me odeiem, mas não me ignorem..."

Foi nesse momento que me lembrei de que tinha uma arma que chamo e considero, talvez erroneamente como a melhor para me defender desse processo de assexualização, deste anti-bulliyng excludente: o pornoterrorismo. Resolvi denunciar a atitude perguntando via Facebook o por que de tanta transfobia, no que tentaram me rechaçar e atacar, inclusive levando o caso ao coletivo LGBT que ajudei a fundar na Universidade, como seu meus companheiros de luta não fossem tomar minha dores e entender meu sofrimento. Decidi que a hora para romper com as relações de poder que me excluiam havia chegado



Me passou na hora pela cabeça, "o que a Divine (estrela do filme porno-trash Pink Flamingos) faria no meu lugar?" Pois, se pela lógica a negação do desejo é a estratégia do sociedade cis-normativa para nos normatizar, nos desempoderar, nos matar aos poucos, a resposta deveria vir de forma contundente, viva, pornográfica, reempoderadora, auto-reafirmadora de minha sexualidade. Aproveitei um momento em que alguém tinha feito uma alusão à letra da Waleska, "eu vou pro baile sem calcinha", na comunidade da Chopada da História- o Cammasutra (não sei o por quê desse nome por que é um espaço totalmente heteronormativo excludente, chato e elitista) e tasquei o seguinte texto:

"Gente, eu só vou ao CammaSutra se rolar sorteio de boquete (leilão é para fracos e nós temos que dar espaço as classes menos favorecidas) e se tiver área de nudismo/naturismo com mete-mete sem consentimento, sem discriminação, sem compromisso, sem frescura, sem heteronormatividade. Apenas mão na mão, mão naquilo, aquilo naquilo, linguas nas linguas, linguas naquilos. Apenas corpos em busca do prazer. Sem regras, sem proibições, sem discriminações,apenas corpos e prazeres. Nada de poderes,apenas prazeres.
Nem venham pro baile sem calcinha que tirar faz parte do ritual. Imagina baixar levemente a calcionha de vcs, com uma linguinha sedenta roçando na xaninha úmida Gang bang nervoso pra comemorar a vida, sem moralismo e sem regras. Sem apareñcias. Picas duras massageando as cara de homens e mulheres, machões héteros barbudos sendo fodidos emcima do palco, subjulgados pelo próprio desejo proibido a muito reprimido
Amores, estão achando engraçado? Riam e saibam que o riso, bem o sei (eu e Freud) nada mais é que ejaculação incontrolável de vossos recalques, vossas desejos proibidos, o refugo que amam guardar como tesouros.
Só irei se meu gozo for servido junto com champanhe e o liquido inebriante de vossas vaginas estiver sendo sorvido junto aos colarinhos da cerveja. Se irei quando o vulgar estiver liberado e os profetas da liberdade revolucionária estiverem engasgados com a propria moralidade machista. Só irei quando puder assassinar aos poucos matar de prazer e sem ar. Foder é preciso, respirar não é preciso. E tudo sem consentimento, apenas nosso prazer.
Ainda ri? Riremos juntos. Ou verem que ri por ultimo..."

Quebradeira geral. Bomba barulho, confusão. Muita gente não entendeu o que estava rolando. Muita gente achou que meu Manifesto político pelo gozo trans* fosse mera ironia. Descobri que sou "barraQUEERa" (atorón!). Alias, acho que toda pessoa LGBTQWY267P tem o dever moral de ser "barraQUEERx". Teve gente que entrou na brincadeira e pediu pra galera pelo menos levar camisinha, hahahaha... Depois ainda criei a campanha "This is a Xana" para ironizar a camiseta machista do CA que apresenta um barbudão nervoso berrando "This is Sparta!" (reproduzida acima) e que levarei adiante, reproduzindo a figura na minha camiseta.

Mas não falarei agora sobre isso, prefiro aproveitar para falar sobre processos de repressão sexual, de como o espaço acadêmico, entendido como espaço de socialização se utiliza dos desejos para controlar s pessoas.
A coisa mais fácil do mundo é trabalhar com o tema da sexualidade nos espaços acadêmicos sob uma perspectiva antropológica. Basta entrar no seu CA/DA ou numa festa da turma com um bloquinho de anotação e fazer a festa. 10 entre 10 frases ditas pelos universitários brasileiros se refere direta ou indiretamente à sexo e afetivididade, na maioria das vezes de forma colonizadora,  objetificante, pejorativa, heterofascista. Presenciei vários absurdos, desde falas sexistas de gente que queria me impor que conhecia a "essência feminina", até "colecionadores de bucetinhas". Vi meninas recatadas praticamente arromanbando a cuna para os machões revolucionários. Mas se uma pessoa trans* ousar de forma  politicamente agressiva (como reação espontânea a essa norma machista) pedir a bucetinha da mesma garota pelo Facebook, ela logo se torna "estupradorx". Interessante, acusar pessoas trans* e queer de ser estupradorxs parece que virou moda.Engraçado, não por acaso...

Falar sobre sexo nesses espaços tão hipossexualizados é tornar o indivíduo inteligível, humano, digno de existência. E não exagero quando digo falar em vida e morte, pois já demonstrava Titio Freud que o instinto de preservação da espécie acaba falando mais alto. Quando digo isto, me lembro por exemplo do caso de uma menina que se suicidou se jogando do alto do prédio da UFPR em 2012, e que ninguem conhecia. E como absolutamente tudo nessa vida tem alguma ligação com sexo, denuncio: não se pode desejar o que não se pode ver. Esses espaços dividem as pessoas em dois grupos bem distintos: os desejáveis e os toleráveis. Romper com esses padrões, se negar a ser usado como boneco, é literalmente cometer um crime contra o Universo. Por isso nos autoestupraremos uns aos outros.

Ano que vem tem mais luta, pois percebo a importãncia do que faço e a centralidade da sexualidade nas relações e humanas e preciso sobreviver de alguma maneira. Ficar me conformando com guetos como o ENUDS, onde, mesmo "pegando" muita gente só rola coisa superficial não me basta mais. Quero e preciso de holofotes. quero e preciso de poder. Por que não um "esporraço" à la Pink Flamingos nas cadeiras e sofás do CA?  Por que não um ato pornoterrorista no próximo Cammasutra? Se já consegui tudo isso me expressando só por escrito, imagino quando assumir uma posição ainda mais paupável e radical. O que não pode é deixar-se sucumbir à hipocrisia e à hetero/cisnormatividade.

"Amanhã será maior!"

"Just Can't Help It! Girl Can Help It!"


"Me amem, me odeiem, mas nunca me ignorem"
"Eu sou passiva, mas meto bala"
"Bucetiiinhaaaa!!!"

Em 2014 tem mais.


Desbundai e putiái!
Ave Butler! Hail Derrida!

"Na sua opinião quem vai ganhar as melhores notas? Quem vai ser execrado? O machão heteronormativo agressivo? O cara imberbe com cara de adolescente? A bichinha andrógina bissexual? O negro? O branco? Quem merece ficar na casa? Quem vai ficar até o final? Você escolhe. Você julga, Você dá as notas. Bem vindxs ao BBB da vida real!"

Olá, resolvi desfazer meu silêncio depois de tanto tempo para falar da polêmica do momento: a criação de dois aplicativos IDÊNTICOS que permitem aos usuários dar "notas" as performances sexuais de pessoas do "sexo oposto" e estão sendo corretamente acusados de promover opressão de gênero, expondo pessoas, sendo "machistas" e aquele "mimimi politicamente correto"(leia-se debate limitado e dogmático de sempre). Resolvi lançar este texto que já estava construindo à dias, mesmo depois de saber que o Tubby não passava de uma "trollagem", pegadinha interessantíssima feita justamente para demonstrar o sexismo dentro de certos discursos que se dizem feministas. E percebi que deveria só agora publicá-lo, justamente por ir na contramão dos discursos hegemônicos sobre o tema.

Bem, antes de continuar e que me xinguem, vou colocar minha posição política sobre os tais programas: são jogos sexuais e portanto violêntas ferramentas de controle social que não foram inventadas agora, pelo contrário existem desde o primórdio da Humanidade, em forma de "sussurros laterais", no interior dos claustros, saunas, conversas entre matronas, bar das amigas, enfim, qualquer espaço de interação social. O que me deixou bastante triste foram argumentos por parte de feministas mais tradicionais, ao meu ver bem falaciosos, e que buscam vitimizar as (cis)mulheres em detrimento dos (cis)homens- reafirmando e reproduzindo sem perceber uma lógica sexista, dicotômica e essencialista.

Argumento desnecessário, pois o simples fato de alguém ter sua vida sexual e afetiva devassada, destruida por essa brincadeira macabra e vir a cometer suicido transforma em assassinos, genocidas quaisquer pessoas que insistam em compactuar com isto. Seria totalmente a favor do fechamento desses aplicativos caso o problema fosse apenas virtual. Pelo contrário, Lulus e Tubbys fazem e sempre fizeram parte de nosso cotidiano, não trazem absolutamente nada de novo, apenas tornaram esta brincadeira sinistra (e que convenhamos, todo mundo faz uma vez ou outra) algo muito maior, mais ágil, ao alcance de nossos dedos e em total anonimato.É a democratização do espírito de porco.

Um brinde à hipocrisia.

Um dos argumentos usados por algumas feministas que mais me chamou a atenção foi a de que o Lulu seria uma resposta ao machismo, por que os homens sempre tiveram o direito de fazer este tipo de brincadeira "pênis-ciosa" com as pobres mulheres oprimidas. Isso é mito, provavelmente isso tudo começou logo que o ser humano inventou a técnica de se comunicar oralmente.

Para a pesquisadora da educação Helena Altmann , os jogos infantis no ambiente escolar se dividem  em masculinos e femininos, sendo que os jogos dos meninos se baseiam na violência, na força fisica, na esperteza, enquanto os das meninas são baseadas na comunização (em especial dos desejos), na sociabilização,nos sentimentos,no "namorico". Ao contrário do que chiam tanto xs feministas segundo-ondistas de plantão, as meninas são tradicionalmente introduzidas aos jogos eróticos mais cedo que os rapazes- embora sempre "ás escondidas".Em nossa sociedade, mulheres brincam de Lulu desde a pré-escola, enquanto os homens estão ainda mal e porcamente aprendendo a chutar bola. A quem discordar, sugiro uma  visita à escola mais próxima como experiência.

Mas não se trata aqui de dar corda a Guerra dos Sexos, de apontar infantilmente quem começou, como tenho lido em vários sites, mas de demonstrar o que ambos os aplicativos têm em comum: TUDO- são absolutamente idênticos(!). Idênticos em sua proposta, idênticos em sua forma, idênticos na grosseria, identicos como ferramenta de controle social...

Algumas pessoas têm comentado que um dos programas, o para homens, é mais "machista" e "misógino". Isso é uma ilusão. Quem diz que hashtags como "#nerd" e "#peganinguem" são menos ofensivas que "#AnalVoluntario" e "#vadiagulosa" (são só exemplos, não participo desses aplicativos) é porque desconhece a forma como a educação sexual impõe padrões de performance diferentes entre os sexos, desconhece como a quebra destes padrões tem sido trágica e levado inclusive a mortes e agressões intensas de "ambos os lados" . Se esquece, por exemplo, que na nossa sociedade a expressão "vagabundO" tem um conotação bem diferente que "vagabundA".

Dizer que uma garota "dá pra todo mundo" é o mesmo que dizer que o cara "não come ninguém", justamente por que a sociedade incute nas nossas mentes idéias antagônicas sobre a sexualidade e que são reforçadas através da linguagem. As hashtags da versão feminina não são menos apelativas, apenas parecem mais sutis. Até porque a avaliação das pessoas pelos tais serviços não se dá apenas pelas hashtags, mas por uma nota, de "0.0 á 10.0", que definiria a performance da vitima. Numa sociedade tão materialista e cartesiana como a nossa, números exprimem muito mais que palavras. Não vale botar um "#pracasar" com um "2.0", ou um "#barangona" com "10.0" pra disfarsar o golpe baixo.

 Além disto, o ato de tentar definir pelo outro a opressão que o outro sofre, é uma atitude colonizadora, de um autoritarismo absurdo. É óbvio que a linguagem dos aplicativos é diferenciada, pois os seus públicos também são diferentes.  De fato, o macho-alfa é incentivado desde cedo a ser o "comedor", o "garanhão", enquanto a mulher ideal é treinada desde criança para seduzir e usar seu corpo como arma desde que o faça de forma recatada, pois o prazer feminino é permitido desde que dentro do limite do "papai não pode saber-embora ele saiba".

É por isso que a exposição publica sexual de adolescentes do sexo feminino é execrada enquanto a dos machinhos é comemorada. A culpa é sim, dos irresponsáveis que as publica, mas antes de tudo, da sociedade que categoriza os gêneros, cria padrões de conduta diferenciados, aquilo que pode ou não ser feito, pode ou não ser dito.  É por isso que "cantadas" em locais publicos  são vistas como assédio pelas mulheres e prova de status sexual pelos homens (acredite, muitos homens e mulheres adoram "pedreragem", mas não admitem). E é por isso que não se fala no tabu do estupro masculino- pois se um homem adulto der queixa na delegacia, no minino será motivo de gozação, vão perguntar se pelo menos a agressora era "gostosa". Em suma, o problema não é do "machismo", conceito-estanque desenvolvido e repetido ad nausean por aqueles que não querem se aprofundar no debate do tabu "anti-classista e pós-moderno" das relações de gênero e poder. O problema tem outro nome que precisa ser gritado e ser ouvido: "REPRESSÃO SEXUAL"- em especial dos seres biosocioculturamente assinalados como "mulheres".

Algumas feministas meramente "acusaram" o Tubby de ser hipersexualizado. Uè, então ao invés das mulheres militarem pela liberação sexual,  para termos uma vida sexualmente ativa e feliz igual a dos homens (mais um mito sexista, a maioria dos homens sonham ter a vida sexual que grande parte das feministas pensam que eles têm) vamos criminalizar o sexo?!? A idéia é retroceder de propósito?!? Por que o sexo tem que ser algo tão sujo e imoral(izante)? Será que o problema não seria pelo contrário, uma pseudo-hiposexualização feminina? Porque em pleno século XXI o sexo continua sendo o Bicho de Sete Cabeças da sociedade ocidental?

"Sex is not the Enemy"!


E diferentemente do que têm vociferado certas vozes feministas, nessa Guerra dos Aplicativos, não há nenhuma "falsa-igualdade". Pelo contrário, há uma reprodução virulenta de uma falsa-dicotomia entre os sexos/gêneros, que exclui, delimita, violenta, educa as performances. Aliás uma falsa-dicotomia maniqueísta e (cis)sexista, pois como diz uma amiga virtual minha, a Jana Jones:" viado e trans tb são homens, assim como meninos afeminados que são fortemente esculhambados pela lógica machista, portanto dividir a opressão machista no esqueminha: homens oprimem x mulheres são oprimidas é coisa de quem não enxerga a complexidade de nossas relações sociais;"

Eu vou ainda mais além: Ambos os aplicativos são sexistas e absolutamente idênticos na invisibilização e assexualização dos grupos não-assinalados, os "anormais". Para grande parte das pessoas, a opressão não virá das notas e das hashtags "machistas", mas sim, da inexistência delas, problema aliás que não vi nenhuma feminista comentar. Alias, o cancelamento de um dos aplicativos nada mais é do que a velha estratégia de (cis)feministas de jogar pra debaixo do tapete, censurar qualquer debate mais aprofundado que lhes permita rever seus conceitos sobre as relações de gênero. Ou pior, o medo de ter sua identidade/papel, seu espacinho privilegiado na sociedade patriarcal contestado, desconstruido. Me parece mais uma estratégia de manutenção do discurso dicotõmico de gêneros e manutenção do status-quo heteronormativo do que defesa dos direitos das mulheres. Estão jogando fora mais uma vez uma oportunidade preciosa de avanço real nas consciências.

Ai está o auge da perversidade dessas brincadeiras: mais uma vez os espíritos mais contestadores é que foram realmente silenciados, violentados, alvejados no tiroteio maluco dos "normais".

Por isso tudo acho de uma suprema covardia esta campanha para retirar do ar ambos os aplicativos. Homens e mulheres cis*, assinalados e padronizados sempre brincaram de Lulu e Tubby, pois como disseram muito bem algumas colegas feministas, é próprio de quem está em posição de privilégio falar sobre a sexualidade do outro. Quem nunca pode participar fomos nós, os "outsiders". Queremos ter pela primeira vez a oportunidade de dar nota pra vocês, caros homens e mulheres normatizados que estão no topo da pirâmide. Não fujam. Não "arreguem". Saibam jogar. Não estraguem a nossa brincadeira. Ou pelo menos admitam que com a avanço da Internet e das tecnologias da informação a forma de pensar gênero, sexualidade, privilégios e privacidade mudaram. As regras são outras, os jogadores são outros..
"Pimenta no cu dos outros é refresco"
No closet

Desbundai e putiái!

Lulus, Tubbys e a Guerra contra o Sexo

terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Ave Butler! Hail Derrida!

Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, 
que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.
– Cecília Meirelles, in Romanceiro da Inconfidência.
O post subversivo de hoje é minha critica à idéia de "liberdade". Trata-se de um texto do fantástico e saudoso Millôr, que dialoga com criticas que faço a certas utopias. Mas bacana mesmo é a trilha sonora desse post. Assim que descobrir o que ando botando no meu chimarrão, volto para dar o informe rsv


"Mas afinal, o que é a liberdade?
Apesar de tudo o que já se disse e de tudo o que dissemos sobre a liberdade, muitos dos senhores ainda estão naturalmente convencidos que a liberdade não existe, que é uma figura mitológica criada pela pura imaginação do homem. Mas eu lhes garanto que a liberdade existe. Não só existe, como é feita de concreto e cobre e tem cem metros de altura. A liberdade foi doada aos americanos pelos franceses em 1866 porque naquela época os franceses 29estavam cheios de liberdades e os americanos não tinham nenhuma. Recebendo a liberdade dos franceses, os americanos a colocaram na ilha de Liberty Island, na entrada do porto de Nova York. Esta é a verdade indiscutível. Até agora a liberdade não penetrou no território americano. Quando Bernard Shaw esteve nos Estados Unidos foi convidado a visitar a liberdade, mas recusou-se afirmando que seu gosto pela ironia não ia tão longe. Aquelas coisas pontudas colocadas na cabeça da liberdade ninguém sabe o que sejam. Parecem previsão de defesa antiaérea. Coroa de louros certamente não é. Antigamente era costume coroar-se heróis e deuses com coroas de louros. Mas quando a liberdade foi doada aos Estados Unidos, nós os brasileiros já tínhamos desmoralizado o louro, usando-o para dar gosto no feijão.A confecção da monumental efígie custou à França trezentos mil dólares. Quando a liberdade chegou aos Estados Unidos, foi-lhe feito um pedestal que, sendo americano, custou muito mais do que o principal: quatrocentos e cinqüenta mil dólares. Assim, a liberdade põe em cheque a afirmativa de alguns amigos nossos, que dizem de boca cheia e frase importada, que o “Preço da Liberdade é a Eterna Vigilância”. Não é. Como acabamos de demonstrar, o preço da liberdade é de setecentos e cinqüenta mil dólares. Isso há quase um século atrás. Porque atualmente o Fundo Monetário Internacional calcula o preço da nossa liberdade em três portos e dezessete jazidas de minerais estratégicos".
E eu diria mais: Essa tal Liberdade já me custou um emprego decente, duas namoradas, vários diplomas quatro gatos e minha moral (brinks, essa nunca tive)

 *Texto completo do Millôr (vale varias lidas e relidas):  
http://www.encontrosdedramaturgia.com.br/wp-content/uploads/2010/10/Mill%C3%B4r-Fernandes-LIBERDADE-LIBERDADE.pdf

Clipe anti-libertário de hoje, com Alexandre Pires (SPC) e Fábio Junior:


ESSA TAL LIBERDADE 

(Letra sem tradução-sigam a bolinha)
O que é que eu vou fazer
Com essa tal liberdade
Se estou na solidão
Pensando em você
Eu nunca imaginei
Sentir tanta saudade
Meu coração não sabe
Como te esquecer

Eu andei errado, eu pisei na bola
Troquei quem mais amava por uma ilusão
Mas a gente aprende, a vida é uma escola
Não é assim que acaba uma grande paixão

Quero te abraçar, quero te beijar
Te desejo noite e dia
Quero me prender todo em você
Você é tudo o que eu queria 2X

O que que eu vou fazer
Com esse fim de tarde
Pra onde quer que eu olhe
Lembro de você
Não sei se fico aqui
Ou mudo de cidade
Sinceramente, amor,
Não sei o que fazer

Eu andei errado, eu pisei na bola
Achei que era melhor cantar outra canção
Mas a gente aprende, a vida é uma escola
Eu troco a liberdade pelo teu perdão

Quero te abraçar, quero te beijar
Te desejo noite e dia
Quero me prender todo em você
Você é tudo o que eu queria



À TEMPOS, antes que me batam: Tenho defendido à anos que as pessoas não precisam necessariamente se sentirem livres e sim, felizes. Até porque Liberdade imposta não é Liberdade. E essa tal Liberdade já foi e é desculpa esfarrapada para cometer crimes os mais perversos (com que bandeiras vocês acham que os ianques imperialistas invadem outros países, impõem ditaduras, chacinam a população?) Se a tua sensação de liberdade te faz bem, vai fundo(!). Quanto à mim, ainda sou suficientemente zé-coxinha para entender que ser feliz é abdicar de parte da Liberdade e que a Liberdade não pode ser um fim em si mesmo. E que Liberdade sem Responsabilidade é a mais pura alienação

 Agora, voltando à nossa programação (a)normal, um clássico dos Anos 90:



No closet! Desbundai e putiái!
Ave Butler! Hail Derrida!

A seguir, posto com todo carinho um texto escrito pela Juno no Facebook. Texto que fala muito do que sinto agora em relação a exclusão trans* à minhas raivas, meus ressentimentos. Texto que lavou minha alma...

Li este texto pensando em várias coisas, nas minhas falas do evento maravilhoso chamado TRANSemana e que ocorreu na semana passado na FND (que farei questão de comentar noutro momento), e em minhas falas sobre a invisiblidade trans* nos espaços acadêmicos e de militância. Pensei nos meus amores não correspondidos, na transfobia mal-disfarsada nos espaços "libertários", onde muita gente se diz interessada, mas o tal interesse é por um "bem maior" (seja lá qual for...) Pensei nos casos das duas trans* que se mataram recentemente- brancas, provavelmente classé-média e aparência higienizada- e que acabaram com o suicídio causando comoção e ocasionando debates. Pensei nas travestis que morrem na pista, todas as noites, sem ter a mesma sorte, a mesma reação.

Tomei a liberdade de roubar tb uma foto mais expressiva em preto e branco. Curtam:
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Pessoas cis estavam prontas para receber as pessoas trans* nos flancos de suas lutas, como aquelas que dariam a aparência de projetos revolucionários onde congregariam-se todas as pessoas oprimidas, mas não estavam prontas para fazer destas novas vozes, vozes também predominantes, e frequentemente passariam por cima das nossas, quando tentássemos falar sobre quem éramos, e não só dar o efeito cosmético de que os movimentos das pessoas cis eram movimentos diversos, mas também afirmar desta diversidade nossa fome de dignidade.



Pessoas cis estavam prontas para escrever sobre as pessoas trans* e falar sobre aquilo que precisávamos, como éramos e que nome dar a nossa saúde, nosso corpo e nossa identidade. As pessoas cis e seus conjuntos teóricos sempre estiveram prontas para nomear patologias, estágios, identidades e posições políticas dos nossos corpos abjetos, mas não estavam prontas para os nomes que lhes daríamos mais tarde, ou de quando olhássemos para os nomes que nos deram e disséssemos: não é assim que quero que me chame.

Pessoas cis estavam prontas para nos receberem com sorrisos e braços abertos, e afirmar que eram nossas aliadas e que nos ajudariam a vencer a opressão, mas não estavam prontas para serem questionadas como reprodutoras desta mesma opressão, ou como o polo privilegiado da opressão que passávamos. Pessoas cis estavam prontas para nos oferecer uma cadeira num seminário, mas não estavam prontas para levantar das suas cadeiras quando alguém reproduzisse a transfobia que nelas estavam internalizada.

Pessoas cis estavam prontas para que nós somássemos e nos calássemos diante de seus discursos mais radicais por libertação, e as apoiássemos e encorajássemos a declarar morte e nojo aos seus inimigos, mas não estavam prontas para serem consideradas inimigas de ninguém, muito menos de serem descartadas pelo esforço político de uma pessoa trans* que ousasse ser tão radical e revolucionária contra a cis-supremacia quanto as pessoas cis estavam sendo com as outras opressões.

Pessoas cis estavam prontas para nos conferir uma letra numa sigla ou um prefixo num movimento, mas não estavam prontas para ver nosso discurso e nossas demandas encaixando-se de fato no cerne político dos movimentos sociais e do Estado que até então, e até hoje, nos reserva desprezo. Pessoas cis estavam prontas para descrever vagamente nossas demandas como "importantes", mas não estavam prontas para efetivamente sacrificar a forma velada como se tratavam até agora como prioridades.

Pessoas cis estavam prontas para considerar absolutamente qualquer comportamento de uma mulher trans* como uma gota restante de masculinidade que queriam expurgar, e qualquer ódio que sentisse como misoginia, mas não estavam prontas para perceber em si uma perpétua, odiosa e ensanguentada visão transfóbica do mundo. Seus ouvidos estavam entupidos de binarismo. Suas mãos estavam ensebadas de transfobia.

Pessoas cis estavam prontas para aceitar os corpos cisgêneros não-depilados, nus, empoderados. Mas pessoas cis não estavam prontas para olhar nossos corpos abjetos, muito menos se ousássemos ser pessoas gordas, negras, intersexo, com deficiência. Pessoas cis estavam prontas para afirmar suas sexualidades abertamente, mas não tinham se preparado para uma mulher trans* lésbica dizendo que era lésbica. Diante dela, inclusive, disseram que estava lhes estuprando porque supostamente exigia algo. Pessoas cis falharam em perceber que o que estávamos dizendo era que não havia nenhuma configuração sexual onde nos encaixávamos, muito menos aquelas pessoas entre nós que não somos nem homens nem mulheres.

Pessoas cis estavam prontas para reconhecer que nós eramos de verdade e que não estávamos indo a lugar nenhum, porque seu projeto genocida de nos matar a todas havia falhado, mas não estavam prontas para re-centrar seus movimentos e teorias pensando em nossas realidades e corpos e no fato da transgeneridade na história. Entre elas, algumas fingiam não ver as coisas e seguiam suas militâncias sem incluir-nos na pauta, outras decidiam nos incluir como o próprio inimigo a ser derrotado, somente para recomeçar o processo de nos expurgar da existência.

Pessoas cis estavam prontas para reconhecer a transfobia como uma realidade, mas não estavam prontas para entender o quão pervasiva, onipresente e violenta a cis-supremacia era. Estavam prontas para negar serem transfóbicas e para dizer que não admitiam a transfobia, mas não estavam prontas para refletir sobre o quão sutil era o lodo transfóbico que se impregnava entre seus dentes, e que saía com gata gota de saliva das suas bocas quando cuspiam na nossa cara sem perceber o ódio que a gente sentia pingar nas nossas bochechas e escorrer pra dentro das nossas bocas.

Pessoas cis estavam prontas para repetir a palavra "intersecionalidade" e "transfeminismo" como um mantra ou um bom-dia, mas não estavam prontas para ouvir nossas vozes de fato, e de abrirem suas práticas diárias e suas militâncias para as reais demandas e necessidades das pessoas transgêneras. Estavam prontas para receber em seus movimentos uma palestra de um homem trans*, mas estavam igualmente prontas para voltar a uma pauta invisibilizadora no momento em que ele fosse embora. A palestra não era uma mudança, era um episódio que cairia num ralo de esquecimento.

Pessoas cis estavam prontas para desenvolver sensibilidades absolutamente rigorosas sobre as opressões que lhes atingiam, mas não estavam prontas para terem o cissexismo visibilizado naquilo que faziam também. Estavam prontas para denunciar nas vozes transgêneras qualquer resquício opressivo, com razão, mas estavam igualmente prontas para negar e trivializar quando as pessoas trans* fizessem o mesmo.

Pessoas cis estavam prontas para falar das pessoas trans*, e de nomeá-las e referir-se a elas como isto ou aquilo, como assim ou assado, mas ainda se sentiam mal, ainda sentiam um incômodo e um desconforto quando liam a expressão "pessoas cis". Não queriam ver-se nomeadas e visibilizadas, o conforto da invisibilidade era uma sensação ainda muito recente, como se tivessem acabado de lhes retirar um chocolate. Não estavam prontas para serem delineadas e agrupadas como uma classe política, uma sensação que pessoas trans* conhecemos muito bem.


CLIPE DE HOJE: ("por que quis" e estou me sentindo muito triste)

 No closet

Desbundai e putiái!

"Pessoas Cis" (por Juno Cremonini)

terça-feira, 24 de setembro de 2013
Ave Butler! Hail Derrida!

"Precisamos perceber como o discurso da liberdade religiosa será sempre evocado para defender quem está no poder, e para calar quem o poder está oprimindo." (Solange Tô Aberta)


IMPORTANTE: Este artigo diz respeito à minha visão sobre a polêmica política, ocorrida durante a última Marcha das Vadias. Visa atacar a hipocrisia e a estupidez da instituição eclesiástica, Mas não desejo com ele desrespeitar e/ou generalizar o conjunto dos católicos. Para toda regra existem muitas e gratas exceções, e há muitos fiéis desta religião que concordam com o que digo. Mas se a carapuça servir, o problema é todo seu.   
É bom lembrar que a guerra não é asséptica não. O aparelho de guerra é pura multiplicidade, na MULTIDÃO as armas são imprevisíveis e os CORPOS constituem uma das grandes armas de guerra. O Corpo é antes de tudo POLÍTICO! (Fátima Lima).
Oba! Futebol!
Hoje me animei a falar de um tema bem polêmico. Alguns temas eu prefiro esperar baixar a poeira, observar o resultado, analisar mais friamente. Animou-me a escrever, o excelente artigo do blog Coletivo Caju, "Sobre imagens quebradas e mulheres mortas", um  site muito querido o qual costumo ler e polemizar. assim como aquele artigo, que mostra muito bem o grau de sofrimento imposto por uma religião que dá preferência à uma moralidade fajuta, doentia ao invés do ser humano. Cansei de ter que "respeitar" uma instituição que nunca respeitou ninguém e que insiste na "conversão" forçada das pessoas, impondo restrições aos direitos básicos dos cidadãos que não compartilham de sua fé, como expô-las à risco de morte para poder optar ou não pelo aborto, só por que seus líderes "acham" que têm mais direito sobre os fetos que as mulheres que os carregam no próprio ventre.  Como diria o comediante ateu George Carlin, "para manter um feto vivo e transformá-lo num soldado morto".

O que o senhor Papa "acha" sobre meu corpo não me importa, o que importa é o efeito político das suas idiossincrasias, pois, ao contrário do que a maioria pensa, a Igreja Católica nunca foi uma religião, no sentindo construtivo do termo, e sim o maior partido nazi-fascista da história. E fazem tudo isso com o objetivo de forçar a conversão das pessoas, pois sabem que quando tudo é retirado do individuo, até as esperanças, tudo o que lhe resta é se ajoelhar perante um altar e chorar. "Não vem pelo amor, que venha pela dor", é o jargão que estes ditadores adoram repetir, passando por cima de qualqer liberdade de culto e consciência e pregando um deus (com "d" minúsculo, mixuruca mesmo) vingativo, draconiano, mesquinho, patife.

Desrespeito? Onde?!

Pra quem ainda não sabe, ocorreu no ultimo sábado a Marcha das Vadias de Copacabana. Durante o evento, muito bem organizado, ocorreu uma perfomance muuuito bacana do Coletivo Coiote. O ato, certamente obsceno, portanto, revolucionário em sua conceituação mais pura. Sim, o ato pornoterrorista foi desrespeitoso, tão desrespeitoso quanto os fetinhos de plástico e a anti-cartilha misógina e homofóbica distribuídos pela JMJ, com o intuito de desinformar e encolerizar os peregrinos contra os poucos avanços nos direitos civis das mulheres e das minorias. Tão desrespeitoso como a invasão ilegal da JMJ ao espaço que havia sido cedido pela prefeitura do Rio. O objetivo do pornoterrorismo nunca foi ser "respeitoso" e sim, destrutívo. Aliás, como já  ensinava a Tia Bertolda lá no primário, (des)respeito é uma via de mão dupla.

Alguns espíritos-de-porco da grande mídia vendida acusaram xs integrantes da Marcha de "ofender os peregrinos". Óbvio, o Encontro Mundial dos Drogados em Cristo atraía capital e nada substitui o ouro de óbulo de S. Pedro. Interessante, pois a Marcha começou no posto 5 e foi em direção de Ipanema, ou seja, direção contrária a da JMJ. É só usar um pouco a lógica pra perceber quem provocou quem na verdade. Outra coisa; a Marcha das Vadias havia sido chamada para Copacabana num dia e horário de forma a não coincidir com a missa da JMJ, que iria ter lugar em Guaratiba, num terreno pertencente ao sogro do Cabral (usando a visita do papa para acobertar mais um rombo nos cofres públicos) Ou seja foi a Igreja e os peregrinos que invadiram ilegalmente o espaço das Vadias e não o contrário 

O tal ato pornoterrorista foi extremamente feliz, bem dosado e oportuno, pois aproveitou de um suposto evento "religioso" para transmitir sua mensagem. "Religioso" para os trouxas alienados que não entenderam que o objetivo da Jornada da Juventude era inteiramente político: demonstração escrota de poder temporal e tentativa de  intimidar os protestantes, vertente cristã em franco crescimento no Brasil, além de dar corda à criminosa Concordata Brasil-Vaticano. Não conseguiram intimidá-los na Alemanha, com a fracassada escolha de Bento XVI (vulgo Palpatine) aquele país, berço do protestantismo, por causa justamente dos escândalos de corrupção e sexuais (qualquer tipo de sexualidade é escandalosa para este partido fascista chamado Igreja Católica). Escândalos estes que se prolongam sobre o atual papado, mas parece que o povo se esqueceu desses pequenos detalhes e comprou a imagem do papa argentino "humilde" e que "fez opção pelos pobres e pelas minorias", na maior hipocrisia, ou melhor, "putaria franciscana". Como se andar pelo mundo todo para ser paparicado pelos fiéis inocentes e andar vestido de ouro (o que é biblicamene condenado) fosse prova de simplicidade e como se um autêntico cristão tivesse outra alternativa a não ser ficar ao lado dos excluídos e oprimidos. Barbaridade, estupidez em nome de Jesus.

"Imagino judeus queimando uma suástica num campo de concentração e outros judeus comentando: mas pô, isso só vai aumentar o ódio dos nazi contra gente, não foi inteligente, galera!" (Marce Lee) 


Ao contrário do que se disse, NÃO houve nenhuma profanação de objetos de culto, pois aquelas imagens, como atestaria qualquer católico diante de uma acusação de idolatria vinda de um "irmão" (muy hermano) evangélico, NÃO são objetos de culto. Objetos de culto e simbolos religiosos são os chocolatl, o Sangue Sagrado de Wiracocha, que os cristãos profanam todos os dias no café da manhã. Façam-no usando hóstias consagradas pela Igreja de Constantino e não com a carne santa dos deuses aztecas. Profanação é o ato de incendiar templos indigenas, vilipendiar os seus deuses, estuprar suas filhas, em nome de uma imunda civlização. Profanação é espalhar imagens de santos pela sua casa, só para afugentar LGBTQWEXS4612 e outras pessoas indesejáveis, como se fossemos vampiros ou coisa pior. O que houve, pelo contrário, foi o ataque iconoclasta à simbolos de poder temporal, à marcos do poderio opressor do Vaticano, sobre todos os povos sobre os quais pisotearam e roubaram através da relativamente curta história do catolicismo. O que houve foi o desmascaramento do hipocrisia teocrática, comprovada a posteriori pela sanha raivosa dos delatores e persecutores do Coletivo Coiote.

Profanação é passar em frente uma casa de candomblé e fazer oração para "repreeender o demônio", espetáculo de ignomínia fanática que assisti no ônibus à caminho de Copacabana. Desrespeito é eu não poder andar livremente pela minha cidade por causa de um bando de pessoas incivilizadas, vândalos e desordeiros que atrapalhavam nosso trânsito, que tinham a audácia de nos discriminar, nos menosprezar em nossa própria casa, só por terem um "cruci-lixo" pendurado no pescoço. O seu cruci-lixo, peregrino idiota, ser sem utilidade social nenhuma a não ser a de títere de uma fraude chamada Igreja Católica, não serve para mais nada a não ser ser pisado, massacrado, fodido. E aquele formato anatômico de suas santas-do-PAU-oco é extremamente convidativo ao intercurso per anun. Experimentassem esse prazer da vida e deixariam de seguir e adorar como um deus, um velho gagá, bundão e virgem. E o digo com a mesma dignidade de quem me chama de "servidorx de Satã", apenas por não me enquadrar no modelo imposto pela sua sociedade moralmente degenerada. "Olho por olho, dente por dente"

 
show das criminoza from Abobrinha da Matta on Vimeo.

Agora, nada me revolta mais nessa história toda que a esquerda radical- aquela que é tão de esquerda, mas tão de esquerda, que acaba reproduzindo os mesmos discursos da direita. Liberaram o ópio do povo e ninguém me avisou? Ou será que é estratégia para impor o socialismo goela abaixo do povo, via-alienação popular e sem KY? Se a classe trabalhadora se vê no direito de apoiar uma instituição que produz opressão, que é fundamentalisticamente machista, racista, homofóbica, fascista, então essa classe trabalhadora é a classe vendida, reacionária, inimiga. Interessante que nenhum radical-esquerdista, que ficou tão indignado com a atitude de "desrepeito à crença dos trabalhadores", tinha ficado irritado com o ataque aos prédios públicos nos atos anteriores do MPL (etc...) ações igualmente polêmicas fomentadas com o dinheiro do povo. Engraçado, que nenhuma palavra de ordem "ofensiva", como a belíssima "eu vou pro Inferno e vou feliz por que beijei a pessoa que eu quis" ou "eu chupo pau, chupo buceta  no Inferno vou chupar até o capeta", foi repreendida pelos camaradas. 

Qual o problema do pornoterrorismo? A falta de classismo? Ou seria o fato de que ele tira nossos corpos, nossa sexualidade, dos discursos teóricos e os apresenta como violentas ferramentas de transformação social? O problema é a heresia ou o sexo? É por essa mentalidade do "vale tudo contra a burguesia", inclusive se render ao que há de mais retrógrado na sociedade que se comprova que o problema nunca foi o tal capitalismo, mas sim a ideologia dominante, criada e repercutida através da religião. E aqui não estou falando de uma fé autêntica e salvadora, a que respeito e entendo seja professada pela maioria dos cristãos, mas á instituições politicas hipócritas e corruptas encasteladas em prédios suntuosos e procissões hollywoodianas pagas com o dinheiro de nossos impostos.

Queiram ou não, o pornoterrorismo como ferramenta de resistência é uma realidade concreta, e que, como se comprova pela repercussão das mídias, funciona a contento numa sociedade que ainda vê a sexualidade e o desejo como um grotesco tabu. Já invadimos inclusive o Vaticano, portanto não temos medo de ousar. A revolução do século XXI não será feita com armas de fogo, ou com palavras de ordem machistas e viris. Será feita com baixo-calão, com nossa criatividade e com o calor de nossos corpos.


Somos todxs Coiotes.

Aceitem. Rendam-se. FODAM-SE!!!

No closet

Desbundai e putiái!

A iconoclastia nossa de cada dia

quarta-feira, 31 de julho de 2013
\Ave Butler! Hail Mott!

A seguir, apresento um texto bem bacana da Thais Justen Gomes, retirado do Facebook e que fala sobre a polêmica sobre a Marcha das vadias e outros movimentos libertários/revolucionários:

(as imagens e comentários refletem a minha opinião, mas provavelmente não a dela)



"Minha discordância a oposição colocada entre sermos vadias e revolucionárias: opinião dita de forma bem simplista pra começar o debate (que já adianto só vou continuar se alguém que n é de algum grupo organizado quiser continuar, já que sei o q os grupos que se manifestam contra a marcha e contra o evento aqui pensam).
Pra começar discordo que a opressão de gênero tenha começado com a propriedade privada, pois a divisão da sociedade em dois sexos já é bem opressora. Numa sociedade onde só existem dois sexos o que faremos com as pessoas intersex? Continuaremos mutilando-as? O que faremos com pessoas travestis e transexuais? Continuaremos defendendo que não são normais, patologizando-as? Ou as aceitaremos desde que façam a cirurgia de “readequação sexual”, ou seja, continuaremos oprimindo mulheres travestis que queiram ter penis e homens travestis que queiram engravidar? Essas questões não são abstratas e relativistas, elas existem na realidade, existem quando essas pessoas se matam porque não são aceitas, quando essas pessoas não conseguem emprego, quando são espancadas, quando são assassinadas, quando são expulsas de casa, e também quando não são desejadas, quando não são bem vistas para serem amigas, para serem apresentadas pra família dx namoradx. Por isso, os movimentos combativos devem sim problematizar que essas discussões sejam incluidas nos debates de genero, ao inves de achar que se não fosse pela propriedade privada estaria tudo bem.

No mais, mesmo no que diz respeito as mulheres cis (aquelas que ao nascer foram identificadas como mulher e ao longo da vida continuaram a se identificar assim, ou seja, aquelas que não são trans) há uma série de opressões oriundas dessa divisão da sociedade. Pois segundo ela, uma mulher é mais fraca, e deve se concentrar nas atividades de cuidado do lar, e criação dos filhos. Mas e se eu quiser lutar??? E se eu não quiser ter filhos? E se eu não quiser ser delicada? E se eu não quiser cozinhar bem? E se eu ser ativa sexualmente? E se eu quiser ser desleixada? Isso sem contar que os homens que são mais femininos tambem sofrem com essa divisão, embora menos que as mulheres.

Isso também, sem contar a desigualdade historica dentro das lutas combativas e classistas, por exemplo na guerrilha do araguaia se acontecia uma gravidez, quem era mais penalizadx? A mulher, ela é que tinha que abortar contra vontade, não era p homem q era castrado. Pq essa escolha? Por acaso? E na guerra civil espanhola, quando diagnosticaram doenças venereas, quem foi mais penalizada? A mulher, ela que foi excluida das barricadas!! Pq isso? Por causa da propriedade privada ou porque dividimos o mundo entre homens e mulheres? Esse evento, assim como a marcha das vadias problematiza isso tudo. Coisas que os antigos teoricos comunistas e anarquistas, apesar de serem otimos em alguns assuntos, não problematizavam."

Minha posição sobre o tema "revolução" é  mesma dos "compas" de Liverpool (Didí, Dedé, Mussum e Zacarias) :P


No closet

Desbundai e putiái!
Ave Butler! Hail Derrida!

REPOSTAGEM DE UM TEXTO QUE ESCREVI A ALGUNS ANOS, COM COMENTÁRIO DE UM AMIGÃO COM QUEM BRIGUEI FEIO E CORTEI RELAÇÕES (ADIVINHEM...) PORQUE "SURTEI" COM ESSE TEMA, FIZ MUITA CAGADA, CULPABILEI GENTE QUE NÃO DEVIA E ACABEI MAGOANDO AS PESSOAS QUE  MAIS AMO. ENGRAÇADO COMO ESSA COISAS ACONTECEM NAS NOSSAS VIDAS. MENINO GUERREIRO, SUA AMIADE É MUITO IMPORTANTE PRA MIM, TÔ COM MUITAS SAUDADES.

OBS: Aqui apresento várias criticas à psicólogos com quem tive experiencias horriveis o passado, meu atual terapêuta (que com certeza vai ler) é um amor e está me dando a maior força

Nada como sentir na pele- parte 2: "cansei de ser celebridade"


“O ser humano é sádico e cruel, e coisifica, descarta o próximo, tudo sob a hégide de uma suposta “liberdade””(Dorothy Lavigne)



(em memória de Amy Winehouse e de tantos outros seres humanos que jamais chegarei a conhecer e admirar)



Nunca fui fã da Amy, ou de qualquer outra “diva” da musica POP internacional. Meu lado “crica musical” nunca me permitiu admirar este tipo de arte e sou da opinião que a “boa musica” é como um bom vinho- quanto mais velho, melhor. Mas não vim aqui falar de música, vim falar sobre seres humanos, vim falar sobre dor e sobre violência.

Quem tem acompanhado este blog deve se lembrar do artigo que escrevi denunciando uma agressão física de motivação transfóbica que sofri a pouco mais de 2 meses. Em suma, pude observar o que para mim já era evidente: a inoperância da policia- até hoje o BO que fora registrado no 1º DP não chegou ao 3ºDP, e as nossas “queridas” autoridades ficaram jogando a bomba uma no colo da outra este tempo todo. Desisti de ver qualquer um dos agressores punido. Ate porque minha experiência como militante me ensinou que de nada adianta punir um ou outro “pitboy”, enquanto estiverem a solta Bolsonaros e Malafaias.

Mas vou falar agora de outro tipo de agressão, aquela que é tão invisível que nem os próprios agressores percebem-na como tal. Este vai ser um desabafo e um puxão-de-orelha.

Recentemente estive presente num encontro do movimento estudantil, espaço no qual pude perceber o quanto as pessoas me prestigiam, onde pude me dirigir à platéia na qualidade de “transexual militante”. A mesma oportunidade tive na Marcha das Vadias ao denunciar, como já de costume, a intransigência e a fiscalização policialesca das Identidades de Gênero, colocadas em pratica pelo SUS, através do Processo Transexualizador.Pois bem, pesa-me dizer que tal exposição da minha pessoa está me fazendo muito mal.

Quando fui espancada naquela triste noite, não cheguei a sentir tanta dor como alguns poderiam imaginar, ou como sentiram os colegas que passaram pela mesma experiência. Estava internamente “dopada” pela dor e achei que do ponto de vista subjetivo, foi dos males o menor. Algumas semanas antes escrevera para o mesmo blog uma Carta de Amor que poucas pessoas leram e ninguém comentou- e mesmo as que leram não entenderam. Afinal, qual a importância para defesa dos direitos LGBT de um@ militante reclamar da falta de carinho, da solidão, e meramente revindicar o mesquinho direito de se apaixonar e de sonhar- mesmo sem ser correspondida? 

Talvez para a maioria dos que me lêem agora isto seja algo sem valor. Para mim, não. Cada um sabe onde dói e este é e sempre foi meu ponto-fraco. Para quem sente na pele o pesadelo da fome o sonho-de-cada-dia é um prato de comida. Para pessoas mal-amadas e solitárias (e não tenho mais medo de me assumir como tal) são os episódios felizes e de romântico companheirismo, beijos, abraços, quem sabe, talvez sexo com a pessoa amada. Como já afirmara em outra ocasião, para grande parte da população TTT, o companheiro, o amante é o cliente- num país onde celebridades pegas saindo com travestis vão a publico se desculpar afirmando que aceitaram o programa achando que eram mulheres e onde piadinhas com transex são consideradas socialmente aceitáveis. 

O mais revoltante é que sempre vai haver um psicólogo ou um defensor das “virtudes libertárias” contemporâneas para nos culpar pela suposta baixa “auto-estima”, ou coisas piores. Para os colegas de militância que ainda não entenderam, minha fala não era uma denuncia e sim, um pedido de socorro.

Voltando a minha fala sobre a recente morte da cantora Amy, cuja obra não apreciava, mas cuja triste historia acabou por me sensibilizar, revolta-me ouvir que ela teria morrido de overdose. Ninguém morre por causa das drogas, simplesmente pelo mesmo motivo que ninguém as utiliza meramente por prazer, mas sim, para enganar a dor. Provavelmente (e isso é uma possibilidade) precisava se “dopar” porque não agüentava mais rolar na cama a noite e perceber que, apesar de todo paparico dos fãs e das perseguições dos paparazzi,não havia a quem abraçar, não conseguiria sentir calor humano. Mas “subjetividade e solidão não dão IBOPE e queremos ver sangue”.

Ontem quando voltava para casa dos meus passeios noturnos vi uma cena que me deixou extremamente perplexa. Um dos amigos que me defenderam no outro dia, estava se distanciando da turma e o que corria é que ele estaria indo cortar o próprio braço para concentrar a dor psicológica criando um ferimento físico, pois tinha acabado de ver um ex-namorado com outro. Ninguém quis socorrê-lo, fomos cúmplices pois entendemos que era a forma que a pessoa tinha de lidar com o próprio sofrimento. Quanto a mim eu jamais teria esta coragem, mas sinceramente ainda acho preferível este tipo de auto-ajuda a um psicólogo fazendo lavagem cerebral na cabeça das pessoas, culpabilizando-as pela própria dor, afinal para grande parte desses profissionais a nossa sociedade é sempre perfeita e as pessoas simplesmente não têm o direito de serem tristes. Algo muito terrível aconcetece com nossa sociedade e nossos jovens e ninguem quer ver.

O que eu queria mesmo era que as pessoas parassem de me reduzir a uma simples “militante” um “objeto político”, ou alguém que escreve bons textos num blog . Não sou isso, alias, me vejo como uma pessoa extremamente egoísta que só consegue se indignar quando o problema me atinge diretamente. Queria que não tivessem me dito que sou a “mulher mais forte que conheço” quando me dou ao luxo de, num momento de fraqueza, “reginaldorossiar”, me embebedar para poder colocar para fora as minhas lagrimas presas a meses. Queria que não tivessem me dito que sou “o orgulho da delegação de Curitiba”. O orgulho não vai preencher meu coração, enquanto abraço o ar a procura de um corpo que está a centenas de quilômetros de distância e que é feito de pura saudade e desejos que talvez nunca se concretizem. Queria ter o direito de me olhar no espelho e me ver como sou: uma pessoa desprezível, fraca. medíocre e rejeitada pelos meus pares. Sinceramente, trocaria se pudesse cada vão elogio por um beijo ou um abraço daquel@ a quem amo, solitariamente, e com quem ainda sonho.

Quanto a pessoa amada, aquela@ a quem tinha escrito a tal Carta de Amor, recebi mais um “não”, mais uma vez não me seria dada a oportunidade de levar adiante um bela história de amor, algo que sempre sonhei e nunca pude ter. mas aprendi que na vida quando caímos só temos uma opção que é de levantar e continuar. No fundo a tal pessoa, a quem continuo amando a minha maneira, até não me tratara tão mal, considerando outras tentativas nas quais as pessoas simplesmente saíam correndo ao perceber minha condição de “trans”. Acho que realmente uma pessoa que tenha tido tal honestidade sem se afastar é digna da minha sincera amizade, a qual tenho a mais sincera vontade de continuar cultivando. Mas sempre será coisa da minha cabeça, uma dor menor (como se mede isso?), sempre haverão comparações infelizes a serem feitas.

Em suma, prego que de nada adianta fazer frente contra a discriminação e contra a opressão, seja ela qual for, se não se (re)humanizar as pessoas. De nada adianta aplaudir belas frases classistas se não temos coragem de abraçar os companheiros, mesmo que não entendamos seu sofrimento. É um erro pensar que não há opressão fora da luta de classes, ou fora da denuncia do machismo, por exemplo. Se você acha que violência só existe quando sangra, sinto muito, você é tão cruel e perverso quanto qualquer um dos “pitboys” que atacam vitimas indefesas nas nossas ruas escuras.

*Clipe em ritmo de dor-de-cotovelo:


Comentários do Menino Guerreiro:

"Doth, o que te dizer? Dizer que nem sei por onde começar é dizer o óbvio. Então vamos tentar.É claro que não posso te dizer que sei o que vc está sentindo, pq não sei. Somos pessoas diferentes e isso nos torna únicos. Mas com certeza, reconheço tuas dores. Te garanto que vc me enganou direitinho: nunca pensei te "ler" tão tristinha, tão romântica. Issó é bom, acredite! Como um "FTMemo verdadeiro" sempre acreditei que solidão é angustiante e a vida sem amor não vale a pena. Carinho e afeto o dinheiro até compra de vez em quando (tem gente que vende né) mas o fod* é que a gente nasce com um sensor que identifica a verdadeira afeição e essa que faz falta. Te entendo perfeitamente.Mas e para ajudar será que posso dizer alguma coisa? Bem, não custa tentar. Aqui vai: primeiro deixe essa dor chata viajar fundo e extrapolar tudo. Chore, grite, peça ajuda e colinho, beba, converse, medite, enfim levante a bandeira de SOS! Se a dor não vai embora, pelo menos é reconfigurada. No xamanismo a gente aprende que quando não há o que fazer com a dor, é importante é vivê-la intensamente para no mínimo aprender com este momento. Sei que há momentos que "falta-nos um único ser e o mundo parece despovoado" (não lembro de que é a autoria) mas amigos são para essas horas. Então que tal dar um pulo lá em casa nesta última semaninha de férias e prometo te emprestar todo o meu repertório de musiquinhas "SAD" pra estimular o choro coletivo! O ombro também vai estar te esperando... Que tal fazermos um bom brigadeiro de panela, uns filminhos para a sessão deprê e conversamos até a dor ser tão gasta que já passou?Pra finalizar de verdade, vou te deixar com uma frase que um dia já me ajudou muito: "como as coisas boas da vida sempre passam, as ruins também vão embora".Se cuida e melhora tá!"


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Desbundai e putiái!
Ave Butler!

*ou "Exercendo o sagrado direito de generalizar e ser idiota"

Solanei...

Paulada feicibuquiana que resolvi dar em geral, inspiradx por essa maravilha de foto aqui:

(você sabe o que é "imberbofobia")

"Por falar em machismo, olha que coisa meiga SQN. 

Essa foto sintetiza muito bem o por quê de apoiarmos a campanha "Todo barbudo é machista (e todo fã de barba é cumplice)". Históricamente vemos que barba sempre foi o símbolo-mor de poder viril- o chamado "Chicote do Patriarcado".

Engana-se quem afirma que vivemos numa sociedade falocêntrica. Mentira! Sempre vivemos numa sociedade barbocêntrica. O ser viril e opressor não necessita jogar seu pênis sobre a mesa se seu falo simbólico fica pendurado debaixo do queixo.

Duvida?!? É só reparar as figuras de poder presentes em representações artisticas (desenhos, pinturas, afrescos, escultura) do Ocidente judaico-cristão-branco-mediterrânico, para constáta-lo. Todas as figuras de poder masculino, reis, dignatários, deuses, mestres, sábios... portavam barba como signo de superioridade moral, enquanto o imberbe era sempre o menino sem juízo, indigno de crédito ou o deus imoral. Com minimas excessões, como o Davi de Michelangelo, que é feito propositadamente imberbe para parecer um efêbo adolescente inexperiente.

Da mesma forma, a barba exprime um determinado fenótipo, branco e caucasiano. A existência ou ausência de pelos no corpo do homem varia de acordo om o lugar. Indios americanos não-miscigenados tendem a ter menos pelos que os europeus. Tanto que, dizem as fontes, os brancos ao chegarem por aqui, confundiram os locias com (adivinhem...) "mulheres" e "pederastas". Ou seja, campanhas pelo uso de barba são, além de violentamente machistas, racistas.

Então se vc curte homens com barba, beleza. Mas admita que vc está empoderando "O" simbolo de poder patriarcal por excelência. Não tem nada de "revolucionário" e "subversivo" nisso, pelo contrário trata- se duma milenar ferramenta de opressão cujo principal objetivo é impor autoridade sobre os "imberbes". Trata-sem tão somente de ajoelhar-se perante o cetro do macho-alfa troglodita dominador.

TODO BARBUDO É MACHISTA."



"Eu solano
tu aguentas
eles/elaas se zangam
Nós apanhamos"

Depois de ter exposto tal texto no meu Facebook,  recebi várias criticas, aliás muito boas, argumentando sobre a ressignificação da barba por grupos de contra-cultura, inclusive. Ótimos argumentos, não tenho como negar que a critica feita por grupos verdadeiramente revolucionários, como o Dzi Croquetes não era legítima, não tem como generalizar minha fala. Até porque este blog foi criado justamente para mostrar essas experiências e propor a quebra dos padrões de gênero.

Mas tenho recebido vários links, por exemplo apologizando a campanha imberbofóbica "Faça amor, não faça a barba" que demonstram que minha critica se aplica em muitos casos sim. Exemplo:

http://ocomico.net/10-motivos-para-nao-fazer-a-barba/

Vão dizer que o link é uma brincadeira, mas é muito divertido ver alguém te chamando de "idiota" e por que não dizê-lo, te rejeitando, só porque você não cabe no padrão estético. pior, é lindo ver "feministas radicais"  reproduzindo esse tipo de preconceito. E certamente é a elas que minha critica se dirige. Conheço vários homens barbados espetaculares, são meus amigos e até cumprimento eles na rua (kkk), mas quando entra em cena a opressão de gênero- como se o próprio gênero não fosse A opressão- vou sempre denunciar. Para grande parte de homens e mulheres, sim, o grande motivo para não fazer a barba é o machismo. E isso não é uma questão de barba ou não-barba ou uma simples questão de escolha, mas uma questão de poder.



No closet

Desbundai e putiái!

"Todo barbudo é machista"*

quarta-feira, 22 de maio de 2013
Ave Butler!

Post que marca minha erguida de cabeça e retorno ás lutas-mesmo sendo só apoio moral:

Lembram do caso dos estudantes que foram sindicados porque estavam fazendo "coisa feia" na UNESP de Araraquara? Pois é, o bicho pegou por lá e os estudantes revoltados com a situação ( a expulsão de 5 alunos do alojamento por motivo torpe) se rebelaram e ocuparam.o campus.



PARA ENTENDER A OCUPAÇÃO EM ARARAQUARA


"- Têm moradia de graça, comida subsidiada no Restaurante Universitário e bolsa, e ainda querem beber e fazer orgia no espaço público?


Moradia estudantil como um espaço público comum é uma concepção que deve ser problematizada logo de início, pelo simples fato de que é um espaço de residência, as pessoas vivem lá (!), convivem e lidam com sentimentos de amizade, solidariedade e coletividade, e ademais, lidam com os sentimentos contrários. E é só por isso que as regras que servem para o parque, para a praça ou para a universidade, não podem e não devem ser as mesmas que para uma moradia estudantil. Pelo outro simples fato de que as pessoas moram lá e de que não são todas as pessoas que lá podem morar, mas um público restrito, que estão em uma situação específica de estudantes de uma universidade pública sob a condição de estudantes de comprovada carência econômica. Garantidos por lei no âmbito de Política de Assistência Estudantil no Ensino Superior Público, sob a perspectiva de que todos têm direito de acesso à educação, assim como de permanência, garantida pelo estado. Parece lógico, mas não se deu como direito a não ser através de lutas e não se dá na realidade a não ser através destas também.
Essa punição é justa por motivos de boa convivência, já que existiram incomodados com a ‘orgia’, a ‘suruba’, com o ‘verdadeiro bacanal’, o ‘ato sexual grupal’ ou qualquer outra denominação que foi empregada? O fato foi que os envolvidos, acusados e acusadores, tinham problemas pessoais, de convivência, como acontece em qualquer moradia, em qualquer espaço onde convivam mais de 100 pessoas diariamente. E os acusadores negando as instâncias próprias da moradia de resolução de problemas, como a assembleia, enviaram uma carta à direção e isso ocasionou em 5 expulsões. Revelando como o próprio corpo administrativo da FCL não considera o regimento sob o qual nos incita a irregularidade, que prevê 3 processos de punição: o 1º seria uma advertência verbal, o 2º uma escrita e o 3º a expulsão. A antiga direção, então, partiu para a 3ª instância e entendemos que isso se deu por motivos morais sim!
A situação é a seguinte, a ocupação está rolando desde terça-feira (23/04), e desde então um grupo de estudantes moradores e não moradores estão passando a noite no campus em solidariedade aos expulsos, como ato simbólico de que se já não possuem onde morar, então, vão morar no campus. "
Por Josiane Guarani-Kaiowá


Bonita atitude. Vamos à luta, galera!

No closet

Desbundai e putiái!

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