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Archive for dezembro 2013

INTRODUÇÃO (ATUALIZADA EM 28/03/2014):

Refaço aqui a guisa de introdução, uma vez que andaram lendo este texto e distorcendo-o para me acusarem de fazer apologia ao estupro (que falta de criatividade, hein?!?...) Pior é lerem, comentarem, achincalharem, e não botarem o devido crédito dx autorx. Plágio é crime, sabiam?! Da próxima vez que me citarem, pelo menos coloquem o link daqui, que eu também quero ficar famosa.

Obrigadx pela preferência, voltem sempre!

às radfems, terfs e feministas formadas lendo 50 Tons de Cinza- ósculos e amplexos!

Divirtam-se lendo o texto completo no seu contexto ORIGINAL:

OBS: vcs também podem me xingar na área específica logo abaixo do texto (na parte escrita "deixe seus comentarios"). Não precisa comentá-lo noutros lugares. Garanto que dará bem mais visibilidade ao seu mimimi... #fikadika ;)

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Ave Butler! Hail Derrida!

Que a vida é em parte um baile de máscaras, com as quais nos seduzimos uns aos outros, e nos enganam os diante do espelho, é sabido. O perigo reside na hor em que a ultima das máscara cair, e tivermos que ver, nos grandes espelhos, um rosto preso ao nosso corpo, mas que parece não ter nada a ver conosco
 (Lya Luft)
Ano de 2013 acabando e tenho muitas coisas a dizer. Essa ano foi bem atípico (alguma ano já foi típico?) aprendi muita coisa e vivenciei cenas bastante intensas, das quais falarei mais adiante. Vou minimamente comentar sobre um fato bastante lastímável, embora de caráter subjetivo (o que não é subjetivo?) e que acabou por me atirar num furacão, numa guerra  interna e contra a sociedade pelo direito ao prazer(ui!) me levando à contestar meu espaço na sociedade pós-moderna, libertinóide e hipócrita na qual vivemos. Não precisarei provar nada, pois não faço acusações formais, ultimamente estou mais apelando pra pancadaria generalizada. Apresentarei apenas a minha versão, a que importa, pois estamos falando de subjetividades, a MINHA subjetividade.

Sempre fui muito mal nas aulas da faculdade e não conseguia entendia o por quê, longe de querer botar a culpa nos outros, pois sou bastante desleixadx e desorganizadx mesmo, até já pedi ajuda junto a instituição com esse meu problema. No primeiro semestre de 2013 percebi que estava sendo vítima de  exclusão por parte dos colegas. Precisava fazer um trabalho em equipe e as vésperas do prazo de entrega, descobri que minha equipe não era miha equipe, mais que excluídx, fui desmentida pelas outras meninas que até entao iriam fazê-lo junto comigo. E pior, a professora, conservadora, pois não aceitava usar em sala meu Nome Social, ainda me mandou "me virar", por que o trabalho valia toda nota do semestre. No final consegui achar outra equipe e fui aprovadx na disciplina, mas o caso já tinha me deixado em posição de defensiva. Já tinha percebido que havia algo de podre no Reino da Dinamarca..

No segundo semestre já comecei totalmente abaladx com a perspectiva que ainda não tinha percebido de estar sendo exclusa do ambiente acadêmico. Inscrevi-em em pouquíssimas disciplinas, das quais acabei por desistir, mesmo gostando do conteúdo e dos professores. Foi aí que houve a reviravolta terrivel que me levou à revolta: como a turma com a qual entrei para a faculdade havia sido praticamente desfeita, além de não me sentir bem naquele meio, então "adotei" outra turma pois estava desperiodizadx e já tinha feito mais disciplinas com esta. Achei que nesta seria bem recebi, até porque haviam vários LGBTs; Pois, para minha surpresa e revolta, haviam organizado um churrasco e sequer me convidaram. Pior, durante o entrevêro, ainda tentar de toda forma me comprovar burocraticamente que eu não pertencia áquela turma.

Podem pensar "mas você fez tanto escândalo por que pessoas não te convidaram pra uma festa?Ignore-as" Errado! Foi absolutamente necessário! Um churrasco, num espaço hipersuxualizado como de uma turma de faculdade nunca é apenas um churrasco. Estou lendo um livro bastante interessante chamado "Politica sexual da Carne" e entendendo como as relações de gênero e sexualidade se dão no  espaço dos comensais de carne. Senti-me coisificads. Senti-me assexualizadx. Senti-me invisibilizads. Foi aí que explodi, numa explosão vulcânica de ira que estava a explodir desde que tinha meus 15 anos, que meu lado mais animal floresceu de forma violenta, que minha fome por sexo e afetividade, por ser vista, ser sentida, ser (re)humanizadx aflorou da forma mais violenta. "Me odeiem, mas não me ignorem..."

Foi nesse momento que me lembrei de que tinha uma arma que chamo e considero, talvez erroneamente como a melhor para me defender desse processo de assexualização, deste anti-bulliyng excludente: o pornoterrorismo. Resolvi denunciar a atitude perguntando via Facebook o por que de tanta transfobia, no que tentaram me rechaçar e atacar, inclusive levando o caso ao coletivo LGBT que ajudei a fundar na Universidade, como seu meus companheiros de luta não fossem tomar minha dores e entender meu sofrimento. Decidi que a hora para romper com as relações de poder que me excluiam havia chegado



Me passou na hora pela cabeça, "o que a Divine (estrela do filme porno-trash Pink Flamingos) faria no meu lugar?" Pois, se pela lógica a negação do desejo é a estratégia do sociedade cis-normativa para nos normatizar, nos desempoderar, nos matar aos poucos, a resposta deveria vir de forma contundente, viva, pornográfica, reempoderadora, auto-reafirmadora de minha sexualidade. Aproveitei um momento em que alguém tinha feito uma alusão à letra da Waleska, "eu vou pro baile sem calcinha", na comunidade da Chopada da História- o Cammasutra (não sei o por quê desse nome por que é um espaço totalmente heteronormativo excludente, chato e elitista) e tasquei o seguinte texto:

"Gente, eu só vou ao CammaSutra se rolar sorteio de boquete (leilão é para fracos e nós temos que dar espaço as classes menos favorecidas) e se tiver área de nudismo/naturismo com mete-mete sem consentimento, sem discriminação, sem compromisso, sem frescura, sem heteronormatividade. Apenas mão na mão, mão naquilo, aquilo naquilo, linguas nas linguas, linguas naquilos. Apenas corpos em busca do prazer. Sem regras, sem proibições, sem discriminações,apenas corpos e prazeres. Nada de poderes,apenas prazeres.
Nem venham pro baile sem calcinha que tirar faz parte do ritual. Imagina baixar levemente a calcionha de vcs, com uma linguinha sedenta roçando na xaninha úmida Gang bang nervoso pra comemorar a vida, sem moralismo e sem regras. Sem apareñcias. Picas duras massageando as cara de homens e mulheres, machões héteros barbudos sendo fodidos emcima do palco, subjulgados pelo próprio desejo proibido a muito reprimido
Amores, estão achando engraçado? Riam e saibam que o riso, bem o sei (eu e Freud) nada mais é que ejaculação incontrolável de vossos recalques, vossas desejos proibidos, o refugo que amam guardar como tesouros.
Só irei se meu gozo for servido junto com champanhe e o liquido inebriante de vossas vaginas estiver sendo sorvido junto aos colarinhos da cerveja. Se irei quando o vulgar estiver liberado e os profetas da liberdade revolucionária estiverem engasgados com a propria moralidade machista. Só irei quando puder assassinar aos poucos matar de prazer e sem ar. Foder é preciso, respirar não é preciso. E tudo sem consentimento, apenas nosso prazer.
Ainda ri? Riremos juntos. Ou verem que ri por ultimo..."

Quebradeira geral. Bomba barulho, confusão. Muita gente não entendeu o que estava rolando. Muita gente achou que meu Manifesto político pelo gozo trans* fosse mera ironia. Descobri que sou "barraQUEERa" (atorón!). Alias, acho que toda pessoa LGBTQWY267P tem o dever moral de ser "barraQUEERx". Teve gente que entrou na brincadeira e pediu pra galera pelo menos levar camisinha, hahahaha... Depois ainda criei a campanha "This is a Xana" para ironizar a camiseta machista do CA que apresenta um barbudão nervoso berrando "This is Sparta!" (reproduzida acima) e que levarei adiante, reproduzindo a figura na minha camiseta.

Mas não falarei agora sobre isso, prefiro aproveitar para falar sobre processos de repressão sexual, de como o espaço acadêmico, entendido como espaço de socialização se utiliza dos desejos para controlar s pessoas.
A coisa mais fácil do mundo é trabalhar com o tema da sexualidade nos espaços acadêmicos sob uma perspectiva antropológica. Basta entrar no seu CA/DA ou numa festa da turma com um bloquinho de anotação e fazer a festa. 10 entre 10 frases ditas pelos universitários brasileiros se refere direta ou indiretamente à sexo e afetivididade, na maioria das vezes de forma colonizadora,  objetificante, pejorativa, heterofascista. Presenciei vários absurdos, desde falas sexistas de gente que queria me impor que conhecia a "essência feminina", até "colecionadores de bucetinhas". Vi meninas recatadas praticamente arromanbando a cuna para os machões revolucionários. Mas se uma pessoa trans* ousar de forma  politicamente agressiva (como reação espontânea a essa norma machista) pedir a bucetinha da mesma garota pelo Facebook, ela logo se torna "estupradorx". Interessante, acusar pessoas trans* e queer de ser estupradorxs parece que virou moda.Engraçado, não por acaso...

Falar sobre sexo nesses espaços tão hipossexualizados é tornar o indivíduo inteligível, humano, digno de existência. E não exagero quando digo falar em vida e morte, pois já demonstrava Titio Freud que o instinto de preservação da espécie acaba falando mais alto. Quando digo isto, me lembro por exemplo do caso de uma menina que se suicidou se jogando do alto do prédio da UFPR em 2012, e que ninguem conhecia. E como absolutamente tudo nessa vida tem alguma ligação com sexo, denuncio: não se pode desejar o que não se pode ver. Esses espaços dividem as pessoas em dois grupos bem distintos: os desejáveis e os toleráveis. Romper com esses padrões, se negar a ser usado como boneco, é literalmente cometer um crime contra o Universo. Por isso nos autoestupraremos uns aos outros.

Ano que vem tem mais luta, pois percebo a importãncia do que faço e a centralidade da sexualidade nas relações e humanas e preciso sobreviver de alguma maneira. Ficar me conformando com guetos como o ENUDS, onde, mesmo "pegando" muita gente só rola coisa superficial não me basta mais. Quero e preciso de holofotes. quero e preciso de poder. Por que não um "esporraço" à la Pink Flamingos nas cadeiras e sofás do CA?  Por que não um ato pornoterrorista no próximo Cammasutra? Se já consegui tudo isso me expressando só por escrito, imagino quando assumir uma posição ainda mais paupável e radical. O que não pode é deixar-se sucumbir à hipocrisia e à hetero/cisnormatividade.

"Amanhã será maior!"

"Just Can't Help It! Girl Can Help It!"


"Me amem, me odeiem, mas nunca me ignorem"
"Eu sou passiva, mas meto bala"
"Bucetiiinhaaaa!!!"

Em 2014 tem mais.


Desbundai e putiái!
Ave Butler! Hail Derrida!

"Na sua opinião quem vai ganhar as melhores notas? Quem vai ser execrado? O machão heteronormativo agressivo? O cara imberbe com cara de adolescente? A bichinha andrógina bissexual? O negro? O branco? Quem merece ficar na casa? Quem vai ficar até o final? Você escolhe. Você julga, Você dá as notas. Bem vindxs ao BBB da vida real!"

Olá, resolvi desfazer meu silêncio depois de tanto tempo para falar da polêmica do momento: a criação de dois aplicativos IDÊNTICOS que permitem aos usuários dar "notas" as performances sexuais de pessoas do "sexo oposto" e estão sendo corretamente acusados de promover opressão de gênero, expondo pessoas, sendo "machistas" e aquele "mimimi politicamente correto"(leia-se debate limitado e dogmático de sempre). Resolvi lançar este texto que já estava construindo à dias, mesmo depois de saber que o Tubby não passava de uma "trollagem", pegadinha interessantíssima feita justamente para demonstrar o sexismo dentro de certos discursos que se dizem feministas. E percebi que deveria só agora publicá-lo, justamente por ir na contramão dos discursos hegemônicos sobre o tema.

Bem, antes de continuar e que me xinguem, vou colocar minha posição política sobre os tais programas: são jogos sexuais e portanto violêntas ferramentas de controle social que não foram inventadas agora, pelo contrário existem desde o primórdio da Humanidade, em forma de "sussurros laterais", no interior dos claustros, saunas, conversas entre matronas, bar das amigas, enfim, qualquer espaço de interação social. O que me deixou bastante triste foram argumentos por parte de feministas mais tradicionais, ao meu ver bem falaciosos, e que buscam vitimizar as (cis)mulheres em detrimento dos (cis)homens- reafirmando e reproduzindo sem perceber uma lógica sexista, dicotômica e essencialista.

Argumento desnecessário, pois o simples fato de alguém ter sua vida sexual e afetiva devassada, destruida por essa brincadeira macabra e vir a cometer suicido transforma em assassinos, genocidas quaisquer pessoas que insistam em compactuar com isto. Seria totalmente a favor do fechamento desses aplicativos caso o problema fosse apenas virtual. Pelo contrário, Lulus e Tubbys fazem e sempre fizeram parte de nosso cotidiano, não trazem absolutamente nada de novo, apenas tornaram esta brincadeira sinistra (e que convenhamos, todo mundo faz uma vez ou outra) algo muito maior, mais ágil, ao alcance de nossos dedos e em total anonimato.É a democratização do espírito de porco.

Um brinde à hipocrisia.

Um dos argumentos usados por algumas feministas que mais me chamou a atenção foi a de que o Lulu seria uma resposta ao machismo, por que os homens sempre tiveram o direito de fazer este tipo de brincadeira "pênis-ciosa" com as pobres mulheres oprimidas. Isso é mito, provavelmente isso tudo começou logo que o ser humano inventou a técnica de se comunicar oralmente.

Para a pesquisadora da educação Helena Altmann , os jogos infantis no ambiente escolar se dividem  em masculinos e femininos, sendo que os jogos dos meninos se baseiam na violência, na força fisica, na esperteza, enquanto os das meninas são baseadas na comunização (em especial dos desejos), na sociabilização,nos sentimentos,no "namorico". Ao contrário do que chiam tanto xs feministas segundo-ondistas de plantão, as meninas são tradicionalmente introduzidas aos jogos eróticos mais cedo que os rapazes- embora sempre "ás escondidas".Em nossa sociedade, mulheres brincam de Lulu desde a pré-escola, enquanto os homens estão ainda mal e porcamente aprendendo a chutar bola. A quem discordar, sugiro uma  visita à escola mais próxima como experiência.

Mas não se trata aqui de dar corda a Guerra dos Sexos, de apontar infantilmente quem começou, como tenho lido em vários sites, mas de demonstrar o que ambos os aplicativos têm em comum: TUDO- são absolutamente idênticos(!). Idênticos em sua proposta, idênticos em sua forma, idênticos na grosseria, identicos como ferramenta de controle social...

Algumas pessoas têm comentado que um dos programas, o para homens, é mais "machista" e "misógino". Isso é uma ilusão. Quem diz que hashtags como "#nerd" e "#peganinguem" são menos ofensivas que "#AnalVoluntario" e "#vadiagulosa" (são só exemplos, não participo desses aplicativos) é porque desconhece a forma como a educação sexual impõe padrões de performance diferentes entre os sexos, desconhece como a quebra destes padrões tem sido trágica e levado inclusive a mortes e agressões intensas de "ambos os lados" . Se esquece, por exemplo, que na nossa sociedade a expressão "vagabundO" tem um conotação bem diferente que "vagabundA".

Dizer que uma garota "dá pra todo mundo" é o mesmo que dizer que o cara "não come ninguém", justamente por que a sociedade incute nas nossas mentes idéias antagônicas sobre a sexualidade e que são reforçadas através da linguagem. As hashtags da versão feminina não são menos apelativas, apenas parecem mais sutis. Até porque a avaliação das pessoas pelos tais serviços não se dá apenas pelas hashtags, mas por uma nota, de "0.0 á 10.0", que definiria a performance da vitima. Numa sociedade tão materialista e cartesiana como a nossa, números exprimem muito mais que palavras. Não vale botar um "#pracasar" com um "2.0", ou um "#barangona" com "10.0" pra disfarsar o golpe baixo.

 Além disto, o ato de tentar definir pelo outro a opressão que o outro sofre, é uma atitude colonizadora, de um autoritarismo absurdo. É óbvio que a linguagem dos aplicativos é diferenciada, pois os seus públicos também são diferentes.  De fato, o macho-alfa é incentivado desde cedo a ser o "comedor", o "garanhão", enquanto a mulher ideal é treinada desde criança para seduzir e usar seu corpo como arma desde que o faça de forma recatada, pois o prazer feminino é permitido desde que dentro do limite do "papai não pode saber-embora ele saiba".

É por isso que a exposição publica sexual de adolescentes do sexo feminino é execrada enquanto a dos machinhos é comemorada. A culpa é sim, dos irresponsáveis que as publica, mas antes de tudo, da sociedade que categoriza os gêneros, cria padrões de conduta diferenciados, aquilo que pode ou não ser feito, pode ou não ser dito.  É por isso que "cantadas" em locais publicos  são vistas como assédio pelas mulheres e prova de status sexual pelos homens (acredite, muitos homens e mulheres adoram "pedreragem", mas não admitem). E é por isso que não se fala no tabu do estupro masculino- pois se um homem adulto der queixa na delegacia, no minino será motivo de gozação, vão perguntar se pelo menos a agressora era "gostosa". Em suma, o problema não é do "machismo", conceito-estanque desenvolvido e repetido ad nausean por aqueles que não querem se aprofundar no debate do tabu "anti-classista e pós-moderno" das relações de gênero e poder. O problema tem outro nome que precisa ser gritado e ser ouvido: "REPRESSÃO SEXUAL"- em especial dos seres biosocioculturamente assinalados como "mulheres".

Algumas feministas meramente "acusaram" o Tubby de ser hipersexualizado. Uè, então ao invés das mulheres militarem pela liberação sexual,  para termos uma vida sexualmente ativa e feliz igual a dos homens (mais um mito sexista, a maioria dos homens sonham ter a vida sexual que grande parte das feministas pensam que eles têm) vamos criminalizar o sexo?!? A idéia é retroceder de propósito?!? Por que o sexo tem que ser algo tão sujo e imoral(izante)? Será que o problema não seria pelo contrário, uma pseudo-hiposexualização feminina? Porque em pleno século XXI o sexo continua sendo o Bicho de Sete Cabeças da sociedade ocidental?

"Sex is not the Enemy"!


E diferentemente do que têm vociferado certas vozes feministas, nessa Guerra dos Aplicativos, não há nenhuma "falsa-igualdade". Pelo contrário, há uma reprodução virulenta de uma falsa-dicotomia entre os sexos/gêneros, que exclui, delimita, violenta, educa as performances. Aliás uma falsa-dicotomia maniqueísta e (cis)sexista, pois como diz uma amiga virtual minha, a Jana Jones:" viado e trans tb são homens, assim como meninos afeminados que são fortemente esculhambados pela lógica machista, portanto dividir a opressão machista no esqueminha: homens oprimem x mulheres são oprimidas é coisa de quem não enxerga a complexidade de nossas relações sociais;"

Eu vou ainda mais além: Ambos os aplicativos são sexistas e absolutamente idênticos na invisibilização e assexualização dos grupos não-assinalados, os "anormais". Para grande parte das pessoas, a opressão não virá das notas e das hashtags "machistas", mas sim, da inexistência delas, problema aliás que não vi nenhuma feminista comentar. Alias, o cancelamento de um dos aplicativos nada mais é do que a velha estratégia de (cis)feministas de jogar pra debaixo do tapete, censurar qualquer debate mais aprofundado que lhes permita rever seus conceitos sobre as relações de gênero. Ou pior, o medo de ter sua identidade/papel, seu espacinho privilegiado na sociedade patriarcal contestado, desconstruido. Me parece mais uma estratégia de manutenção do discurso dicotõmico de gêneros e manutenção do status-quo heteronormativo do que defesa dos direitos das mulheres. Estão jogando fora mais uma vez uma oportunidade preciosa de avanço real nas consciências.

Ai está o auge da perversidade dessas brincadeiras: mais uma vez os espíritos mais contestadores é que foram realmente silenciados, violentados, alvejados no tiroteio maluco dos "normais".

Por isso tudo acho de uma suprema covardia esta campanha para retirar do ar ambos os aplicativos. Homens e mulheres cis*, assinalados e padronizados sempre brincaram de Lulu e Tubby, pois como disseram muito bem algumas colegas feministas, é próprio de quem está em posição de privilégio falar sobre a sexualidade do outro. Quem nunca pode participar fomos nós, os "outsiders". Queremos ter pela primeira vez a oportunidade de dar nota pra vocês, caros homens e mulheres normatizados que estão no topo da pirâmide. Não fujam. Não "arreguem". Saibam jogar. Não estraguem a nossa brincadeira. Ou pelo menos admitam que com a avanço da Internet e das tecnologias da informação a forma de pensar gênero, sexualidade, privilégios e privacidade mudaram. As regras são outras, os jogadores são outros..
"Pimenta no cu dos outros é refresco"
No closet

Desbundai e putiái!

Lulus, Tubbys e a Guerra contra o Sexo

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

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