Newest Post
Hail Mott!!! Ave Butler!!!
O artigo de hoje não vai ter oferecimento engraçadinho, pois trata-se de um tema muito sério. Poucas vezes a vida nos dá a oportunidade de sentir na pele a dor do outro e dessa vez a experiência foi bem servida. É também um mais que devido sinal de vida, pois ainda não tinha tido tempo e humor para voltar a postar.
Para os que ainda não sabem, mudei-me de mala-e-cuia para o Rio de Janeiro. Caí na loucura de apear do ônibus e ir direto ao IFCS (Instituto federal de Ciências Sociais) da UFRJ, sem ter garantido um teto para morar, pois devido a enorme rotatividade e procura por imóveis, especialmente para estudantes de fora, achei que seria mais facil tratar pessoalmente com os proprietários. Na pratica, passadas mais de 2 semanas ainda não achei um teto e as vezes me dá um "surto", vontade de voltar para casa da minha mãe, saudades dos laços de amizade quebrados repentinamente e de forma violenta (o que chamo ironicamente de "efeito Big-brother") medo de passar fome e não ter ninguem para me amparar, medo de não ser aceita pela instituição na qual sonhava em entrar.
Mas qual o assunto tão sensivel que venho tratar hoje?
Ano passado já tinha vindo ao Rio tratar de outros assuntos (sentimentais, inclusive) e aproveitei para tatear o terreno e ver se conseguiria me adaptar por aqui. Foi uma viajem maravilhosa, porém o cidade que havia conhecido então era totalmente diferente. Conheci-a.sob o prisma de umx turista que se se hospeda por tempo limitado num albergue juvenill próximo a praia de Copacabana, tudo naquela ocasião se resumia a tomar banho de mar e dar uma fugidinha pela região central de Niterói, atravessando o mar nas agora caríssimas barcas.
Mas o Rio que conheci desta vez é o do Centro da cidade, já que estudo no Largo São Francisco. O que mais me chamou a atenção até agora foi justamente o grande número de moradores de rua que dormem o dia todo na frente da faculdade, e a reação dos estudantes e transeuntes, a priori fria e conformista perante este quadro de miséria que já não ousa bater nas suas portas. Para que o individuo seja considerado humano, precisa ter o acesso a um genero, para que seja considerado cidadão, precisa ter acesso a um nome e um endereço. A pessoas trans não tem acesso a nada disso, muitas nem a um endereço.
Copacabana, aqui "trombadinha" não entra. |
Felizmente minha nova aventura no Rio tem servido para mostrar a realidade nua e crua das grandes cidades, aprender a dar mais valor às minha coisas e as pessoas. Enquanto sonhamos em ter bens materias e fetiches de consumo, em galgar altos postos na hierarquia acadêmica, em fazer carreira e sermos "autoridades em alguma coisa", algumas pessoas já desistiram de sonhar com um teto, ou já não contam com um prato de comida. Me ver como uma 'trans', jogada no relento duma praça, sem saber o dia de amanha certamente foi uma das experiencias mais chocantes da minha vida. Agora voltarei a chorar no meu travesseiro, que ainda não é de pedra.
Pensem nisso,
Desbundái.
ADENDO IMPORTANTE= Atualmente consegui uma vaga "mocada" no alojamento estudantil, graças a alguns comopanheiros militantes e à proverbial hospitalidade do povo carioca. Anyway, o objetivo desse desabafo era trazer uma critica social sobre essa questão tão sensivel que é a dos desabrigados. Agradeço a torcida, a preocupação dos amigos e os votos de sucesso. Minha conta é Banco do Brasil24515485, agencia 5482-X. Obrigada hahahahaha